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sábado, 11 de abril de 2015

Além do Vazio...
[in]certezas

No início desta semana fui confrontado com uma pergunta à queima roupa: “além do vazio, que dúvidas ficam no coração de um pai que perde sua filha?”

Essa pergunta ricocheteou ao longo da semana nas paredes do Vazio instalado na minha Alma desde que minha filha se foi para a Casa do Pai. 

Dia após dia, essa pergunta me confrontava e me interpelava: “vamos, diga... quais as dúvidas?”

Muitas emoções e pensamentos discrepantes, desconcertantes e descontentes vieram à tona, reli alguns textos que outrora acalentaram meu coração [in]certo em outras épocas mais felizes (onde a infelicidade era muito mais facilmente driblada e jogada fora do caminho), mas eram emoções e pensamentos também não menos decepcionantes. 

Me vi diante da necessidade de:
[re]pensar,
[re]emocionar,
[re]organizar,
[re]orientar,
ou até mesmo [re]apagar.

Será?
Nem sei o quê?
Nem do quê? 

Talvez algumas certezas que começam a se encastelar tão rapidamente como ela se foi. 

É isso..., talvez seja isso, pois vou me distraindo tão rapidamente e as cracas vão tomando conta dos lugares sagrados no Vazio do meu coração.

Vazio que deve permanecer vazio... à espera dos passeios diários do Eterno que deixa aperceber-se à minha alma tantas vezes [in]certa.

Fui atrás de pensamentos e emoções escritas por mim durante este longo caminho desde o início arrebentado há 22 meses... 

E, deixei que minhas dúvidas bailassem pelos corredores gelados, frios, escuros e tristemente iluminados pelas lágrimas pingantes que brilham ao menor facho de luz e que teimosamente tentam aclarar (talvez limpar) esses corredores, aclarar (talvez silenciar) esses pensamentos, aclarar (talvez apaziguar) essas emoções... [in]certezas.
“Eu tenho apenas a alegria de não ter nada – nem a realidade da presença de Deus”.
Essa frase de Madre Tereza de Calcutá, em carta ao seu confessor, padre Joseph Neumer, expressa o sentimento que brota em nossa alma quando somos esmagados pela realidade nua de uma humanidade jurada de morte. 

Traz a mim a clareza que nos meus passos e nos passos de tantos outros pelo Caminho, há [in]certezas... a despeito das nossas Crenças. 


Xô, patativa 
do galho de pau
Tiraram a mata daqui
Só resta a ti ir embora

Sinto que já dói no peito a saudade
Quem me dera poder ir
Tem jeito não, posso não
Te cuida dos alçapão, vai-te embora


Patativa-tropeira (postado em www.ecodebate.com.br)

Essas estrofes da música Patativa de Roberto Diamanso, com sua melodia saudosa, voz suave, que penetra a alma da gente, toca meu Vazio e traz a mim a marca que nos passos que trilho há [in]certezas... a despeito de nossas Crenças.
Se vivemos pela fé, não há neces­si­dade de implorar que Ele nos salve do perigo. Torna-se sufi­ci­ente saber que Ele está ali, mesmo que o perigo se mostre mortal; o que quer que o amor de Deus queira fazer ou esteja fazendo em nós será feito, não importa o quê.
Nessa citação de Jacques Ellul em Fé e Crença, me coloca de frente com os alçapões no Caminho da Patativa... me coloca de frente com o Mal que nos assombra e nos assola pelo Vale da Sombra e da Morte... me coloca de frente às [in]certezas... e, arregaça com todos os meus acordos enraizados nas crendices, na busca insana das certezas que tenho dentro da gaiola.
"Eu creio, mas me ajude a vencer as minhas dúvidas!"
Essa citação no livro de Marcos 9:24 em A Mensagem, me coloca lado-a-lado com o pai do menino, com o desesperançado, com aqueles que tem dúvidas e com os que trazem na alma [in]certezas.

Termino a semana com as [in]certezas que caminham comigo, com as [in]certezas que brotaram ao longo do Caminho e com as [in]certezas que é o próprio amanhã... mas, dou o próximo passo certo ou [in]certo - isso já não importa mais.

Sigo, dando cada passo com o que me importa e com quem se importa comigo:
"o Eterno não vem nem vai. Ele Permanece" - [a Mensagem Isaías 27:31] 



Um comentário:

  1. Meu caro, são as incertezas que nos mantém longe da segurança de uma gaiola, do gradil de um alçapão. Foi lá no vale, com a cara no chão que pude ver a presença do Eterno nas pequenas florinhas, tenras, minúsculas, lindas... são as incertezas que mantém nossa eterna busca de Deus em todos os lugares onde nossos olhos possam alcançar..... to junto sempre....

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