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sábado, 10 de setembro de 2022

Presente... o curto intervalo entre o infinito do passado e do futuro!

Teria sido?

Teria sido a Presença do Eterno?

... invadindo o meu Presente!!!


atrás: Marta, Jorge, Vanessa e Fernando
frente: Lilia, Carla, Débora, Júlia, Sabrina, João, Paty e Alex
... eu no click e o Jordan estava muito ocupado brincando!


Ontem foi um daqueles dias que eu não posso me esquecer... sim, um dia para eu guardar no lado direito do peito, no mais profundo da minha Alma.

Aos poucos foram chegando, alguns deram algumas voltas a mais antes de chegar e nosso coração foi se enchendo de muita alegria e de gente muito querida. Fomos rodeados por amigos e amigas de caminhada, cada um do seu jeito, com o seu jeito de acolher.

Tem pessoas que sentem a nossa dor mais do que possamos imaginar, parecem que conseguem entrar dentro de nós e se deixam permear pelas nossas emoções, fazendo deles essas mesmas emoções.

Tem gente que é assim... olho pra isso e percebo a visita amorosa do Eterno através de cada um deles, tocando a nossa Alma, abraçando-nos com um sorriso que diz: eu sei, eu sinto... estou caminhando com você!

Relacionamentos se estreitando com a liberdade de abrir a Alma e deixar o outro a tocar. Foi tempo de sorrir, tempo de brindar e saborear à mesa recheada de tanto carinho e tanta coisa muito gostosa.

ao redor da mesa repartindo nosso alimento

cada um se alegrando com o outro

um brinde à vida eterna
... do finito para o infinito!


Um passeio pelos meus sonhos, uma viagem na história do Gabí, um sonho que nos invadiu e que tem sido uma experiência ímpar de vazio e de plenitude.

Um passeio pela nossa caminhada de reconstrução, uma caminhada recheada de amigos e de amigas sempre tão acolhedores, que dão um novo sabor a cada encontro.

Um descanso no meio da tarde, tempo para apreciar um pequeno beija-flor carinhosamente tocando cada pequena flor no gazebo, enquanto as conversas saíam deliciosamente do nosso finito para o infinito.

Um presente no presente!

É isso... estar vivenciando e sorvendo cada instante no instante em que ele acontece. 

Houve tempo para abraços e sorrisos, para ouvir várias histórias, para acolher o outro, para balançar contemplando, para descansar e para deslizarmos suavemente pelo gramado verde.


Tempos de um Presente no nosso Presente!


Tempo de abraços e sorrisos!

Marta, Débora e Jordan

Lilia, Débora e eu

Débora, Vanessa e Marta


Tempo de Estar à Mesa!

uma mesa em memória de mim

a alegria que contagia

e a certeza que vale a pena caminhar junto



Tempo de Brincar!
... 1, 2 e lá se vão!!!

Jordan, Júlia e Vanessa


Tempo de Balançar ao Vento!
Paty balançando ao vento

Débora e Jordan, novos amigos

Júlia, Jordan e João
... os 3 Jotas mais lindos!!!


Tempo de Descansar!
Paty descansando

Histórias, Balanço, Descanso e Vento
Júlia, Débora, Fernando e Vanessa

Marta e Jorge


Tempo de Repartir o Coração!
das minhas mãos e do meu coração

um pouco de mim e da minha história
pra cada um de vocês

... fiz parte dessa história...


Tempo de Contemplar!
a beleza da natureza tão viva entre nós

uma piscada de olhos e até breve outra vez

tão longe e tão perto



Sentir o calor da amizade se misturando ao calor do sol que nos abrilhantava com seus raios fortes.

Sentir o vento que apareceu sem sabermos de onde vinha, mas que trazia consigo a fragrância do Eterno nos envolvendo.

Sentir...
é isso, sentimos muito, sentimos o outro, sentimos o Eterno em nós, entre nós, o Eterno que permanece sempre!

Aos poucos cada um foi seguindo seu próprio caminho com a certeza de que nossos caminhos estão mais recheados com a vida dos outros, com a certeza de que nosso presente é o presente que cada um traz ao outro, daqueles que caminham como nós.

E, assim o sol também foi se despedindo, mostrando a todos que há mais para se viver, há muito mais para se compartilhar, há muito mais para se contemplar. 

Até parecia um adeus do infinito saindo do nosso finito, mas com a certeza de que o Eterno continuaria sempre conosco, sempre!

presente!
entre o infinito do passado e do futuro



Um abraço fraterno e até nos vermos novamente...


fotos: pelo click da Marta



sábado, 9 de julho de 2022

O Eterno no Presente

Teria sido a Presença do Eterno invadindo o meu Presente a partir das emoções que afetaram minha alma após a leitura de uma meditação do Henry Nouwen e um texto circulando em grupos de WhatsApp atribuído a Conexão Planeta.


Sakura (Cerejeira) no jardim de casa

Duas frases, uma de cada um desses textos, bailaram em idas e vindas, enquanto tento absorver o que há num contexto maior do que minha débil visão alcança.


A vida contemplativa, não é uma vida que oferece alguns bons momentos entre muitos ruins, mas uma vida que transforma todo o nosso tempo em uma janela pela qual o mundo invisível se torna visível. (Nouwen) 

 

Mais importante do que viajar para ver paisagens novas, é ver de forma nova a mesma paisagem habitual. (Proust)


Diante de qualquer situação em que me encontrar, vale uma reflexão capaz de perceber o que meus olhos, minhas emoções e minhas percepções não contemplam rapidamente. Ao exigir de mim, minha atenção, percebo através das transparências dessas barreiras inicialmente limitantes, o desmascaramento do que há num contexto maior.


Estar no presente, vivenciando cada uma das percepções sensoriais, me garante perceber a eternidade adentrando-se no meu presente. Ver o invisível, medir o infindável, observar o insondável — paradoxos do finito sendo invadido pelo infinito. É o Eterno se presenciando. Uma presença perceptível a partir da minha completude neste presente.


Estar no presente, perceber-se inteiro num local e num espaço de tempo...


... eu no hoje!


Independente dos eventos formadores do local e do tempo em que estou presente, sejam esses eventos ruins ou bons, sejam eles aterrorizadores ou apaziguadores, sejam momentos de calmaria ou mais agitados do que posso suportar. 


Nouwen, destaca em sua meditação: 

Cada momento é como uma semente que traz em si a possibilidade de se tornar o momento da mudança. Não preciso mais correr do tempo presente em busca do lugar onde acho que a vida realmente está acontecendo.


É isso, no presente a minha experiência tem forma, tem cara e tem nome. É a minha existência construindo seu caminho, passo a passo, existindo sempre apenas no presente. E, sempre que eu perceber a mesma paisagem como uma nova paisagem, sempre que eu perceber no presente a possibilidade de uma mudança, eu começo... 

... a ter uma visão mais verdadeira do mundo e da minha vida em relação ao tempo e à eternidade. Começo a vislumbrar algo de eternidade no tempo.


É o tempo presente se tornando transparente e deixando a eternidade adentrar-se, deixando aberta a...

... janela pela qual o mundo invisível se torna visível.


Satisfeito, pleno e completo, nem que seja apenas neste momento presente. Dou o próximo passo. Não há mais tédio, o vazio torna-se transparente e o meu presente, seja ele alegre ou doloroso, mergulha em...

um significado novo e profundo.


 

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

No árido Deserto...
parte do Caminho de volta

Há quase 2 anos as palavras não escapam da minha Alma, não consigo ordena-las pra fazer algum sentido... enquanto isso sigo dando meus passos às vezes com sentido e tantas outras vezes sem nenhum sentido.

Sentido indicativo de direção.
Sentido pode revelar condição da Alma.

Nos últimos dias minha Alma vaga, meu Coração parece ter perdido o ritmo... vou e volto tantas vezes e parece que não saio do lugar.

Dois dias atrás enquanto me dirigia à noitinha pela Rod D.Pedro uma música entrou na minha vida, rádio sintonizado na Antena 1 e de repente a música salta viva do rádio, me envolve e adentra minha Alma...  demorei a perceber que ela estava de fato passeando pelos corredores vazios e abatidos da minha Alma.

Algumas frases com sua bela voz e uma melodia que entrava pelos meus poros, chacoalhavam meus sentimentos... a noite parecia muito mais escura do que meus olhos viam... parecia um mergulho no oceâno escuro e infinito.

... eu queria abraçá-la mais uma vez. 

Mas encontrei-me apenas com minhas lágrimas escorrendo pelos meus olhos. Lágrimas que rolam sem controle, despencam dos meus olhos e se escondem na minha barba branca deixando um rastro sem brilho.

Seguia para um Mosteiro Beneditino Camaldulense em Suzano... ao chegar um monge veio abrir o portão, minha primeira vez nesse Mosteiro na esperança que minha Alma pudesse novamente seguir em frente. 

As vozes e os pensamentos que cruzavam minha mente pareciam refletir minhas próprias aflições e lamento, era mesmo um Lamento, um longo e triste Lamento que ia aos poucos se sobrepondo às palavras da música You Say na voz de Lauren Daigle.

... I keep fighting voices in my mind
that say I’m not enough

Essas vozes traziam a mim tudo o que eu já perdi pelo Caminho, todos os meus Fracassos estampados no filme da minha vida.

Ah! Quanta dor eu sinto... e neste momento adentrando aquela escuridão em uma grande campina, ao longe vi a Capela e os alojamentos iluminados como pontos de esperança... e uma Paz invade meu Ser, sim eu sinto a dor e como dói.

alojamento no Mosteiro Beneditino Camaldulense

E a Paz que excede meus maus pensamentos refletem o que eu preciso tanto saber pra continuar seguindo passo-a-passo essa caminhada.

... remind me once again just who I am

E as palavras da Graça Amorosa de quem me conhece muito mais que eu mesmo... ficaram ecoando e tentavam me resgatar das profundezas dos meus abismos interiores.


You say I am loved when I can’t feel a thing
You say I am strong when I think I am weak
You say I am held when I am falling short
When I don’t belong, You say that I am Yours

... and I believe!


...

Amigos me acolhem, me abraçam.

Amigos que escancaram suas vidas maltrapilhas no Caminho de volta pra Casa do Pai. 

Meu sorriso estampado na minha cara era apenas um reflexo do carinho, dos abraços apertados e do acolhimento regado a vinho e pão... na mais pura expressão das lembranças da última ceia.

Demorei a me encontrar com a cama e com meu sono... um sono sem sonhos, um sono de um maltrapilho com coração esmagado, sentindo no corpo as marcas de uma caminhada longa, as marcas das perdas de pedaços do seu próprio corpo...


...

Novas melodias de cantos de pássaros aos meus ouvidos vindo de fora atravessando a janela fechada, mas que permitia que esses belos cantos adentrassem meu quarto.

Leve claridade também penetrando por entre as venezianas me dizendo que o sol já estava brilhando e aquecendo os ninhos daqueles pássaros que cantavam com todo o vigor.

Café com amigos e nos encontros Palavras Vivas que me atordoavam... um monge partilhou suas experiências confirmando os meus próprios desertos e meus próprios demônios gritando dentro de mim.

... every single lie that tells me
 I will never measure up

Desertos antes e depois de loucuras, de tragédias, que trazem tantas vezes a percepção de caminhos sem sentido. 

Sei que não era pra ser assim... 


Ela adoeceu, não suportou sua dor, mas estava preparada para separar-se definitivamente de seu corpo e ir em direção ao Colo do Pai tão verdadeiramente expressos na letra da canção A Prayer de Madeleine Peyroux... que deve ter dado sinais a ela que a esperava de braços abertos.

... and I believe!

A música You Say não poderia expressar da forma mais inteira, íntegra e real a minha própria Alma nestes dias quando meus passos são trôpegos, paralizados, tristes, áridos e sem sentido.

... the only thing that matters now 
is everything You think of me


YOU SAY
I keep fighting voices in my mind that say I’m not enough
Every single lie that tells me I will never measure up
Am I more than just the sum of every high and every low?
Remind me once again just who I am, because I need to know.

You say I am loved when I can’t feel a thing
You say I am strong when I think I am weak
You say I am held when I am falling short
When I don’t belong, oh You say that I am Yours
And I believe, I believe
What You say of me, I believe

The only thing that matters now is everything You think of me
In You I find my worth, in You I find my identity

You say I am loved when I can’t feel a thing
You say I am strong when I think I am weak
And You say I am held when I am falling short
When I don’t belong, oh You say that I am Yours
And I believe, I believe
What You say of me, I believe

Taking all I have and now I'm laying it at Your feet
You have every failure God, and You'll have every victory

You say I am loved when I can’t feel a thing
You say I am strong when I think I am weak
You say I am held when I am falling short
When I don’t belong, oh You say that I am Yours
And I believe, I believe
What You say of me, I believe

Compositores: Paul Mabury / Lauren Daigle / Jason Ingram
Letra de You Say © Capitol Christian Music Group

sábado, 29 de outubro de 2016

Há conselhos...

... que não deveriam ser seguidos



... um memorial, um templo, uma janela no Kairós

Era uma tarde de Segunda-Feira no último mês de um Outono há quase 4 anos atrás, o sol brilhava e seguíamos no nosso Defender pra São Paulo.

Vez ou outra conversávamos um pouco. Comeu um pedaço de Chocolate e quis repartir o restante comigo, mas recusei e agradeci. Decidiu então levar para repartir com suas amigas de República.

Vez ou outra uma ligação para apoiar alguém com algum problema na entrega de serviços em algum de nossos clientes.


Vez ou outra nos olhávamos...

Seguíamos devagar, pois já tive pressa e hoje ando devagar... é verdade que para andar devagar coloquei a mim mesmo o limite de velocidade do Defender, que anda devagar.

Chegamos à USP, me beijou, desejou boa semana, desceu do jipe e fechou a porta. 

A chamei de volta, ela deu dois passos para trás e através da janela, sorrimos um ao outro, nos olhamos nos olhos e eu disse: 
"Filha, não se preocupe com maus pensamentos, mantenha-se focada no que precisa fazer e amanhã à noite nos veremos."

Para mim, teria sido mais um conselho de um pai que sabe que sua filha está caminhando com dificuldade por um período difícil... onde os sinais depressivos chegaram há pouco mais de uma semana.

Diante desses prenúncios sua mãe e eu já havíamos organizados as agendas necessárias para apoia-la:

  • pela manhã esteve no Ortomolecular
  • na 3a.feira iria à Psicóloga em São Paulo
  • e, na 4a.feira ao Psiquiatra em Campinas

Deixei-a na calçada gramada da USP próximo ao Instituto de Biologia... deixando para mim um último sorriso singelo que duraria por toda a minha vida.


Meu coração ainda pesado sabia, sabia...

"... alguma coisa estava errada, meu coração já sabia e eu não via claramente
(*) frase adaptada da Canção On The Level de Leonard Cohen


E, imaginei

... imaginei que se ela estivesse focada sabendo que a estávamos apoiando e que juntos estávamos suportando as suas dificuldades, logo ela estaria em casa

... imaginei que se ela estivesse focada no que precisava fazer, deixaria as distrações, maus pensamentos e dores da alma de lado

... imaginei que se ela estivesse focada e se lembrasse de suas certezas logo estaria em casa, acolhida e cuidada

... imaginei que se ela estivesse focada, sentido-se amada e acolhida, isso seria suficiente para suportar pouco mais de 24 horas, pois logo estaria em casa 

... imaginei...


Mas, não imaginei...

... não imaginei que estávamos falando de coisas diferentes, nossos pensamentos voavam por caminhos diferentes

... não imaginei que ela pensava em seguir por atalhos por não suportar mais a possibilidade de sua mente seguir por caminhos que ela não queria

... não imaginei que seu olhar doce e singelo nos meus olhos teria sido a sua última contemplação de suas origens

... não imaginei que ela pensava nas suas origens mais remotas, de onde ela veio e estava ansiosa para se jogar nos braços do Eterno

... não imaginei...

 

E,
o Eterno a acolheu para sempre!

Menos de 24 horas do último Conselho de um pai... ela decidiu seguir esse Conselho, ela se focou no que estava pensando, se focou no que tinha pra fazer, se focou na busca do seu definitivo Retorno à Casa do Pai, pois ela já estava preparada para... se jogar nos braços do Eterno!

"Minha necessidade é clara, estou morrendo para tê-lo próximo a mim... Senhor, eu não me pertenço mais e se estiver esperando por mim eu não tenho medo de morrer!"
"Eu estou preparada para ir, para separar meu corpo da minha alma, o Senhor sabe!... Senhor, eu não me pertenço mais e se estiver esperando por mim eu não tenho medo de morrer!" 

(*) tradução livre de um trecho da Canção A Prayer de Madeleine Peyroux


... meus pensamentos e minhas lembranças enquanto caminhava sozinho ouvindo Leonard Cohen hoje pela manhã próximo de casa


domingo, 27 de março de 2016

Ainda quantas Páscoas mais...

... mais uma!
... quantas mais?


entre a Cruz e a Páscoa...
um olhar desiludido
um olhar esperançado 
Há pouco mais de 2 mil anos (2 mil Páscoas), entre a Morte e a Ressurreição do Cristo foram 3 dias na mais absoluta desesperança. 

A Dor e a Ausência daquele que fez toda a diferença na vida daqueles que o seguiam. Quase ninguém mais se lembrava das Suas Palavras que Ele reaveria a vida mais uma vez, não importasse a Morte que o havia levado deles. 

Alguns esperançavam-se, mas na distância da quase desesperança. Sim, Ele não estaria mais ali com eles. Lembravam-se das Suas últimas Palavras, remoinham suas lembranças... esvaiam-se desiludidos.

Hoje, vivencio mais uma Páscoa, com sabor amargo do fel da dor e da desesperança ao longo dos 3 dias (ou dos mais de 1.000 dias de quando ela se foi), da ausência e da certeza que a Morte arranca de nós parte de nós mesmos, apesar do lampejo de esperança na [in]certeza de quantas mais Páscoas viverei.

Assisti na 6a.feira o filme Ressurreição no olhar desconfiado do Tribuno Clavius... o olhar de Jesus morto dependurado na maldita Cruz atingiu fundo a sua alma incrédula. 

E, vivenciar a experiência de um incrédulo que já não conseguia acreditar nas estórias e nas mentiras que pareciam justificar que o Corpo de Jesus havia sido roubado e escondido. Que transitava entre a incredulidade e a credulidade da [in]certeza do que sempre acreditou ser a certeza.

Na antiguidade quando o povo hebreu seguiu Moisés na esperança de uma Páscoa ainda desconhecida... e, depois nos tempos de Jesus quando seus discípulos e amigos chegados seguiram a esperança de uma Páscoa tão falada mas também ainda desconhecida.

Adentrar-se num Caminho de mão única, que através da Cruz (Morte) espera-se a Páscoa (Ressurreição)... é adentrar-se na [in]certeza da certeza de uma espera[nça] de alguns dias, de alguns meses, de alguns anos... ou de tantas décadas que já quase não se espera mais.

Amar[gar] nesse Caminho que tem o comprimento da Cruz e uma Luz tão forte ao final que nos cega e nem sempre traz a certeza que lá está a Páscoa tão esperada e ainda não vivida ou vivenciada em nossas finitas entranhas.

Caminhar com Esperança é ser desiludido, é não ter mais ilusões... "do contrário, o que você tem não é esperança, é ilusão." - citando texto de Paulo Brabo quando comenta sobre a carta do pessimista Cláudio Oliver.

Esses amigos que a gente encontra pelo Caminho percebem, vivenciam e escrevem aquilo que vai na Alma da gente (como se a vasculhassem e lessem com a clareza de uma lupa)... e, que apesar de um lampejo de Esperança, sabe-se que a desilusão é total, completa... e, vazia - do tamanho da própria Cruz do Cristo.


Há uma Cruz vazia
Há um Túmulo vazio
Há um Mundo vazio
Há também um Coração vazio

Li e reli a carta escrita oriunda do coração desiludido e pessimista, na tentativa de agarrar-se à Espera[nça]... "Espero (e como poderia deixar de esperar) a ressurreição e a vida. Não por otimismo, mas exatamente por me alinhar aos pessimistas."

E, enquanto espero a Páscoa final e definitiva na Eternidade...
... junto ao Eterno
... junto aos que se foram
... junto aos que irão
... junto à Eterna Gabriela

Brotando da minha alma transcrevo como se fossem minhas, as palavras de Cláudio Oliver ao seu amigo Paulo Brabo: 


"...sempre melhor do que mereço, sempre perdido, dependente de esperar, pois esperando, declaro meu pessimismo, e me agarro em algo, que pelo menos, tem mais chance de dar certo, e ressurgir, do que a fé na possibilidade de que aumentar a dose do remédio que nos mata irá nos curar."


Entre a Morte (separação) 
e a Ressurreição (reencontro) permeia 

... um sentimento de desalento
... um sentimento de abatimento
... um caminhar a um passo do esmorecimento. 

A letargia imposta pela separação aguardando o reencontro, num sentimento sem sentido, parecendo que não há mais o que fazer.

"É uma saudade
Que invade
Que arde por dentro
Não há pensamento
Corrente de vento
Que vire esse leme

Pra outro lugar"
Anna Ratto em Desalento


quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ah! Como eu gostaria...
que não tivesse existido

Último dia do ano
Ah! Como eu gostaria...

Nossos vizinhos com a casa cheia de amigos e familiares. E, eu me sinto sem vontade alguma de levantar-me e ir ter com eles.

Ah! Como eu gostaria...
que este dia fosse diferente

Nas mãos estou com os 2 livros My Social Book impressos... ambos relatam um história pelo Caminho. Uma história em que escancaro a minha Alma aos meus amigos. Deixo que vejam as loucuras de alguém marcado pela Morte neste Caminho de volta pra Casa do Pai.

Reli as primeiras 15 páginas. Lágrimas brotam nos olhos e escorrem pelo rosto... conectadas à Dor e ao Vazio que trago no peito.

Segunda Impressão em 12/12/2015

Primeira Impressão em 26/12/2014

Neste ano...
pouco escrevi depois de 04/JULHO
(25 meses)

Depois dessa data, corri e afundei-me no trabalho, distraindo-me de tal sorte... que pareci ser um cara de sorte. Mas, nas idas e vindas dessa atividade frenética que foi este 2º.Semestre... sempre me vi com um Vazio na Alma que tantas vezes parecia ser maior que a própria Alma.

Ah! Como eu gostaria...
que este dia fosse diferente

Tento me agarrar às minhas memórias... mas, elas parecem dormir. Tento buscar meus textos e eles teimam em esconder-se atrás de uma comunicação interrompida com a nuvem dos aplicativos e dos blogs.

Fico observando a capa do livro que recebemos esta semana... um livro que relata o Vazio além de expressar as Vozes pelo Caminho, sejam através de flores, de sons, de amigos... ou simplesmente percebendo nas entrelinhas o cuidado do Eterno.

Cuidado do Eterno!

Ah! Como eu gostaria...
que todos nós revisitássemos nossos conceitos

Me sinto acovardado e completamente impotente diante de um turbilhão de pensamentos, ideias e conceitos quebrados, desconstruídos... apenas escombros cinzentos.

Me sinto diante do Eterno que deixa Sua Respiração presenciar o meu próprio desencanto, meu desalento, minha solidão. Solidão? Sim, solidão... me sinto empurrado para um canto, longe de tudo e de todos.

Desci do trem.

E ele passa em alta velocidade, sinto seu rastro de vento levando junto consigo minhas distrações e me faz perceber que estou só. Mas... eu preciso olhar mesmo pra dentro de mim. Quero me lembrar... lembrar de um tempo onde jamais imaginei que ficaria só.

Ah! Como seria hoje...
se não tivesse existido 04/06/2013?

Eu com certeza olharia para essa pergunta e abriria o maior sorriso... abriria meus braços com toda a elasticidade e com todas as minhas forças correria ao seu encontro e a abraçaria como nunca a abracei. A esmagaria de amor entre meus braços contra o meu peito e a cobriria de beijos.

Se eu pudesse olhar mais uma vez para você... depois daquele último olhar, quando nossos olhares mais uma vez se encontraram depois de nos despedirmos... você fora do jeep, em pé na calçada, um olhar meigo.

Ah! meu Deus...
porque eu não percebi
que seria o último olhar da minha filha 

Como eu gostaria de ter percebido isso naquela hora... e, não ter me afastado dela.


Ah! Como eu gostaria...

.

sábado, 4 de julho de 2015

25 meses...
amigos que me suportam

Dia frio e que gela minha alma quando abro os olhos logo pela manhã e sei que você não virá para nos ajudar... que saudade minha filha, 25 meses que não recebo um abraço apertado seu.

Hoje ao final do dia... com amigos reunidos antes da nossa última refeição, depois de um longo dia de muito trabalho, muito suor, muito amor, muito apoio e muita vida... agradeci assim:


Emanoel, Raquel, Dirce, Débora e Aline
Fábio, Lia, Catarina, Mary, Ton, André, Amanda, eu e Abigail
Daniel, Davi, Samuel, Walace, Ricardo e Rosana
Samuel (pai), Artur, Paulo, André, Nen, Victória e Mateus
Lucas no selfie...


25 meses...

Cada dia que tenho vivido tem um sabor diferente, pois é sempre um sabor de mistura... uma mistura de vários sabores, tons, sons e imagens que percorrem meu coração e minha alma.

Cada dia que tenho vivido nasce com imagens que me inspiram e que conspiram nos corredores do meu coração e da minha alma... corredores onde estão pendurados quadros que representam alegria e tristeza.

É interessante, pois por mais de 5 décadas andando pelos corredores da minha alma, os quadros pendurados sempre trazem alegria e sonhos... mas, nos quadros pendurados nestes últimos 25 meses há sempre uma mistura de matizes e às vezes em muitos deles a alegria parece dar o tom... mas, jamais está brilhando como tantas vezes vi a alegria brilhar.

Nos últimos 25 meses, os quadros que vão se pendurando no corredor que tem sempre a presença da ausência, que tem sempre um vazio que permanece... nesses dias todos, meus quadros jamais brilharam como antes.

E, não importa o que se estampa nesses quadros, há sempre a presença da tristeza que reflete uma dor sem tamanho... ou melhor, de uma dor do tamanho do peito.


não há superação, 
não há página virada, 
não há dias melhores...

Hoje é muito bom celebrar a vida eterna... ter cada um de vocês comigo, com a Débora, com os meninos e as meninas que se achegaram à nossa família... é muito bom pintar um novo quadro pra colocar em um lugar de destaque no corredor do meu coração e da minha alma.

Um belo quadro, não quero esquecer nunca o rosto e a expressão de carinho, de amor, de graça e de misericórdia que cada um de vocês expressa a cada um de nós... um belo quadro que deixa expresso através de tanta água, tons pastéis como a mistura de cores de um universo criado pra ser Eterno.

Nesse quadro estará cada um de vocês que caminha conosco, que constrói nossa história e que deixa que nossa história escreva a história de vocês... e, hoje pintaremos juntos esse quadro, que somos todos nós, que vemos juntos a materialização de um sonho, que faremos juntos uma história... a história do Veleiro Gabí.

E, por falar em sonho, hoje reli uma página do meu diário de bordo de um sonho que nasceu na última viagem internacional que fizemos com a Gabí... e, está registrado o seguinte:


Marco inicial da minha jornada. Tempo de planejar, de sonhar, de estudar, de avaliar... tempo de gestar meu sonho.
E, para começar nada como abrir o notebook, clicar no explorer e pesquisar no google sobre Veleiros, mais especificamente sobre Construção Caseira de Veleiros.
Vários links apareceram e comecei minha peregrinação pelas páginas de vários blogs, li sobre sonhos realizados e vários desses relatos ecoaram no meu coração e na minha alma.
É possível... tantos outros fizeram.
Os assuntos foram abrindo-se rapidamente. Já eram vários na minha organização das pastas em favoritos. Construção, Blogs, Notícias, Roteiros, Segurança, Equipamentos, Marinas e Charters.
Um mundo se abria à minha frente e uma certeza no meu coração... é possível. Vou seguir meu caminho, vou velejar por mares jamais percorridos no meu coração. Vou dar “ventos à minha imaginação”...

E, aqui estamos 1238 dias depois do dia 13/02/2012... nesse dia eu não tinha me apercebido estar começando a registrar uma história que também se iniciava num dia 13... e, que se materializa no Veleiro Gabí.

Obrigado amigos e amigas, muitos de vocês nascidos no meu coração como filhos e filhas. E, outros que caminham ao meu lado e que cuidam com tanto carinho de mim e da minha família. 

Muito obrigado por gastarem suas horas, suas forças e esbanjarem seus sorrisos conosco em tantos dias, mas especialmente hoje em que juntos construímos a base para que horas, suor e alguns materiais se transformem no Veleiro Gabí.


Amo muito cada um de vocês que gastaram seu dia comigo... e, com o Veleiro Gabí.

Muito Obrigado Débora, Paulo, Vera, Samuel, Gislaine, Ricardo, Rosana, Daniel, Carlos Henrique, Guto, Cibelle, Ton, Mirinha, Artur, Sheila, Aline, Ulisses, Gabriel, Heber, Alessandra, Marquinho, João, Pedro, Walace, Telma, Dirce, Samuel (pai), Raquel, Emanoel, Mary, André (da Mary), Lucas, Nanda (via Skype), Amanda, André (da Amanda), Abigail, Gustavo, Flavinha, Daniel (na barriga), Lia, Fábio, Manuela, Catarina, Victória, Mateus, Rafaela, Davi, Nen, tia Beth, tia Irany, Solange, Emília, Euro, Gabriel e Isabela.


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