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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Estou vivo...
3 grandes impactos

No Caminho de volta pra Casa do Eterno às vezes estou mais atento, parece que estou prestes a encontrar Algo... parece que os ouvidos da minha alma se aguçam e percebem os sinais e rumores de outro mundo. 

Hoje foi assim... 
ouvi I'm Alive interpretada por Celine Dion.

À medida que a melodia, a voz e as palavras adentravam minha alma, impactou-me de 3 maneiras fortes, firmes e absolutamente reais.

Impacto UM

When you call on me
When I hear you breathe
I get wings to fly
I feel that I'm alive


saudades filha... ouço você me chamar!

filha, quando você me chama, quando eu ouço seu respirar, eu ganho asas para voar, 
eu sinto que eu estou vivo

filha, que saudades eu sinto... 
e, por sentir tanta saudade assim, 
eu sei que eu estou vivo

filha que dor eu sinto...
e, essa dor me esmaga, 
é um sinal que eu estou vivo

filha, você me faz tanta falta... 
e, quantas vezes ouço você me chamar, ouço ao longe como se estive ouvindo bem perto, ouço quase nada ouvindo, mas percebo seu respirar, sinto o aroma da sua pele, me derreto ao seu sorriso... e, me apaixono por suas questões tão intensamente vividas e vivenciadas por você.

filha, ouvir essa música na voz maravilhosa da Celine Dion, cantora que você gostava tanto, me traz lembranças tão intensamente gravadas na minha alma e que hoje reverberam numa velocidade alucinante... tão alucinante como é insana a dor que sinto cada dia.

filha, hoje enquanto ouvia essa música mais uma vez, uma amiga curtiu uma postagem de quase 2 anos atrás sobre uma conversa que havíamos vivenciado e você faz um relato lindo, descrevendo sua própria humanidade.

filha, essa mesma amiga também curtiu uma das minhas reflexões sobre a relevância da dor da sua ausência entre nós na esteira da reflexão de Henri Nouwen na dor da ausência da sua mãe, pois as dores verdadeiras não se curam com o tempo. 


"É falso pensar que o passar do tempo nos fará esquecê-las pouco a pouco e apagará a nossa dor. Se o tempo tiver que fazer alguma coisa, será no sentido de aprofundar a nossa dor" Henri Nouwen em Uma Carta de Consolação.

Impacto DOIS


When you look at me
I can touch the sky
I know that I'm alive

amor do meu Caminho, quando você olha para mim, eu posso tocar o céu,
eu sei que eu estou vivo

amor, viver com você, vivenciar experiências com você, viajar com você apreciando os jardins que encontramos pelo Caminho, vivenciar as dores e as alegrias com você,
eu sei que eu estou vivo

amor, nosso último final de semana juntos adentrou minha alma, olhar e contemplar belos jardins imaginando nossa filha apaixonando-se por cada um dos detalhes desse ambiente, olhar com o seu olhar, olhar no seu olhar e seu olhar no meu olhar, compartilhar e comungar com você, 
é um sinal que eu estou vivo

amor, viver junto com você tantos momentos diferentes e viver as privações pelo Caminho nos selaram para sempre,
enquanto sei que eu estou vivo

amor, cada detalhe que compartilhamos em Inhotim ficarão gravados para sempre, cada espécie que encontramos pelo Caminho e nos maravilhamos com as cores, a beleza e a singeleza vieram para dentro de nós,
e nos fizeram mais vivos




olhar de contemplação do meu amor no jardim em Inhotim

Impacto TRÊS


When you blessed the day
I just drift away
All my worries die
I'm glad that I'm alive

pai, quando você abençoa o dia, todas as minhas preocupações morrem,
e eu me alegro por eu estar vivo

pai, há um mistério na vida eterna que me fascina, há [in]certezas na minha fé ao caminhar na Sua Direção, há também certezas... e, uma delas é que você não vem nem vai, você permanece para sempre e isso garante,
que eu estou vivo e viverei eternamente

pai, há uma mistura de emoções e de sentimentos na minha alma a cada passo, a cada olhar... há uma mistura de pensamentos... há uma insana tensão na busca de respostas... mas, no meio desse turbilhão que tantas vezes me assola, também percebo com clareza sua benção e com isso minhas loucuras se esvaem, minha alma se apazígua e meu coração bate como alguém...
alguém que está vivo   


é bom escancarar meu coração doído... a você, Pai!

Tudo isso e muito mais vai me impactando pelo Caminho... e, algumas imagens ficarão para sempre gravadas na minha alma da beleza e do Seu Cuidado para comigo.

Caminhando...
... com você (filha amada) no coração, 
... lado-a-lado com você (Débora, meu amor)
... passo-a-passo em Você (Pai Eterno)























Foi bom...
Até breve Inhotim.



quinta-feira, 16 de abril de 2015

Em dia que há Sol...
nos aquecemos e brilhamos

No Caminho estou sujeito às intempéries... e, nem sempre estou atento às Vozes do Caminho. 

Passo muito rápido por tudo, vou captando um sem número de imagens, muitas interrupções, telefonemas, coisas pra fazer... assim vou me afundando nas distrações.

É assim que deixo de escutar, deixo de perceber, deixo de receber da Providência o que preciso pra viver e dar o próximo passo.

Mas, quando o Sol brilha... ah! como é bom!

Quando o Sol brilha, as borboletas saem de seus esconderijos... elas aparecem no nosso Caminho, suaves, leves e com suas asas agitadas em busca de alimento para continuar sua vida tão efêmera, mas nem por isso menos importante.



com a Catarina
Tão perto e tão longe. 

As fotos e os vídeos correm soltos pelo WhatsApp e sempre nos dão a impressão que estamos tão perto.
É bom, mas está tão longe.

Segurar no colo e sentir o Sol aquecendo nosso coração... aí sim, o tão longe fica tão perto.

Aproveitando o sábado de Páscoa - que foi dia 4 (ah! esses "quatros"), tiramos o dia para tomar Sol e dessa vez fomos atrás dele.

E, de fato foi assim: ela estava lá, brilhando!
Catarina curtindo o colo do tio...
tomar sol é muito bom
Obrigado sobrinhos Fábio, Lia e Manuela por despejarem tanta alegria nos nossos corações num doído sábado de Páscoa... foi bom demais!

com o Gabriel
Tantas vezes na volta pra casa o sol já se pôs... e, sempre estou envolto com luzes vermelhas ou brancas.

Mas, numa 6a.feira dessas... na volta pra casa, meu coração estava alegre na expectativa que o Sol iria brilhar intensamente no final de semana.

E, de fato foi assim: ele estava lá, brilhando!


Gabriel curtindo e descansando no colo do tio... 
depois de uma boa mamadeira
Obrigado amigos Aline e Ulisses por trazerem tanta alegria aos nossos corações nesse final de semana... foi bom demais!


sábado, 11 de abril de 2015

Além do Vazio...
[in]certezas

No início desta semana fui confrontado com uma pergunta à queima roupa: “além do vazio, que dúvidas ficam no coração de um pai que perde sua filha?”

Essa pergunta ricocheteou ao longo da semana nas paredes do Vazio instalado na minha Alma desde que minha filha se foi para a Casa do Pai. 

Dia após dia, essa pergunta me confrontava e me interpelava: “vamos, diga... quais as dúvidas?”

Muitas emoções e pensamentos discrepantes, desconcertantes e descontentes vieram à tona, reli alguns textos que outrora acalentaram meu coração [in]certo em outras épocas mais felizes (onde a infelicidade era muito mais facilmente driblada e jogada fora do caminho), mas eram emoções e pensamentos também não menos decepcionantes. 

Me vi diante da necessidade de:
[re]pensar,
[re]emocionar,
[re]organizar,
[re]orientar,
ou até mesmo [re]apagar.

Será?
Nem sei o quê?
Nem do quê? 

Talvez algumas certezas que começam a se encastelar tão rapidamente como ela se foi. 

É isso..., talvez seja isso, pois vou me distraindo tão rapidamente e as cracas vão tomando conta dos lugares sagrados no Vazio do meu coração.

Vazio que deve permanecer vazio... à espera dos passeios diários do Eterno que deixa aperceber-se à minha alma tantas vezes [in]certa.

Fui atrás de pensamentos e emoções escritas por mim durante este longo caminho desde o início arrebentado há 22 meses... 

E, deixei que minhas dúvidas bailassem pelos corredores gelados, frios, escuros e tristemente iluminados pelas lágrimas pingantes que brilham ao menor facho de luz e que teimosamente tentam aclarar (talvez limpar) esses corredores, aclarar (talvez silenciar) esses pensamentos, aclarar (talvez apaziguar) essas emoções... [in]certezas.
“Eu tenho apenas a alegria de não ter nada – nem a realidade da presença de Deus”.
Essa frase de Madre Tereza de Calcutá, em carta ao seu confessor, padre Joseph Neumer, expressa o sentimento que brota em nossa alma quando somos esmagados pela realidade nua de uma humanidade jurada de morte. 

Traz a mim a clareza que nos meus passos e nos passos de tantos outros pelo Caminho, há [in]certezas... a despeito das nossas Crenças. 


Xô, patativa 
do galho de pau
Tiraram a mata daqui
Só resta a ti ir embora

Sinto que já dói no peito a saudade
Quem me dera poder ir
Tem jeito não, posso não
Te cuida dos alçapão, vai-te embora


Patativa-tropeira (postado em www.ecodebate.com.br)

Essas estrofes da música Patativa de Roberto Diamanso, com sua melodia saudosa, voz suave, que penetra a alma da gente, toca meu Vazio e traz a mim a marca que nos passos que trilho há [in]certezas... a despeito de nossas Crenças.
Se vivemos pela fé, não há neces­si­dade de implorar que Ele nos salve do perigo. Torna-se sufi­ci­ente saber que Ele está ali, mesmo que o perigo se mostre mortal; o que quer que o amor de Deus queira fazer ou esteja fazendo em nós será feito, não importa o quê.
Nessa citação de Jacques Ellul em Fé e Crença, me coloca de frente com os alçapões no Caminho da Patativa... me coloca de frente com o Mal que nos assombra e nos assola pelo Vale da Sombra e da Morte... me coloca de frente às [in]certezas... e, arregaça com todos os meus acordos enraizados nas crendices, na busca insana das certezas que tenho dentro da gaiola.
"Eu creio, mas me ajude a vencer as minhas dúvidas!"
Essa citação no livro de Marcos 9:24 em A Mensagem, me coloca lado-a-lado com o pai do menino, com o desesperançado, com aqueles que tem dúvidas e com os que trazem na alma [in]certezas.

Termino a semana com as [in]certezas que caminham comigo, com as [in]certezas que brotaram ao longo do Caminho e com as [in]certezas que é o próprio amanhã... mas, dou o próximo passo certo ou [in]certo - isso já não importa mais.

Sigo, dando cada passo com o que me importa e com quem se importa comigo:
"o Eterno não vem nem vai. Ele Permanece" - [a Mensagem Isaías 27:31] 



sábado, 4 de abril de 2015

Boa Páscoa...
triste e feliz!

Tenham todos uma Boa Páscoa...
Boa é mais que Feliz, é também Triste.
Pois a Páscoa é assim: Triste e Feliz.
Que reflete a nossa própria vida: Feliz e Triste.


desenho da Gabí: misterioso e enigmático

Seria uma contemplação da Páscoa?

a cruz no centro do olhar, 
triste a lágrima desesperançada rolando, separação: o sol atrás da cruz, 
profetizando a esperança?...
perdido nesse olhar,
perdido fitando os Olhos do Pai!

Hoje faz 22 meses que a Gabí decidiu ir mais cedo para a Casa do Pai, desde então tenho caminhado na certeza que Tristeza e Alegria estarão presentes todos os dias da minha vida. 

A Tristeza e o Desamparo nos 3 dias entre Sua Morte e Sua Ressurreição pode durar muito tempo, pois o tempo é um lapso da Eternidade, há alguém que já disse que um dia é também mil anos...

Desde que a Morte entrou na minha vida há 22 meses atrás:


22 meses
2+2=4
04/06 (dia em que se foi)
04/04 (nesta Páscoa)
quantos 4s já vivi...
quantos 4s mais eu viverei? 

... quando parte de mim partiu, deixando o Vazio presente, quando gritei desesperançado porque o Eterno havia nos desamparado, desde então perdi o controle de tudo, deixei-me perder em Seu Olhar, entendi que meu primeiro dia havia chegado e que meu terceiro dia não tinha data nem hora marcada para chegar, entendi que a esperança também brota na própria desesperança, quando definitivamente estamos...
“lost in your eyes”. 

Entendi que do lado de cá do rio, tristeza e alegria nos encontram ao acaso até o ocaso. 

Sim, é fato que o Eterno permanece, que Ele caminha conosco nos Vales da Sombra e da Morte e também nos Pastos Verdejantes com Águas Tranquilas. 

Mas, neste lapso de tempo da Eternidade, pensar que o Eterno nos traz, nos envia, nos massacra com a Maldade... é querer ser Deus e esquecer-se que Ele mesmo nos gerou e nos agraciou com Seu Amor e Sua Graça.

Vale lembrar (esse vídeo marcou minha caminhada com o Eterno em 2008) que a frase misteriosa e hoje mais real do que já pude entender expressa pelo Brennan Manning: 
“você creu que eu o amei, que eu o desejei, que eu lhe esperei dia após dia, que eu ansiava por ouvir o som de sua voz?” 

E, complementa: 
“ninguém como um crente pode mensurar a profundidade e a intensidade do Amor de Deus.” 

Nesta Páscoa eu quero perceber a realidade dessa frase que o Brennan termina seu pequeno discurso dizendo que Deus tem algo para mim: 
“Eu tenho uma palavra para você: Eu conheço toda a sua história de vida, todos os esqueletos em seu armário, todos os momentos de pecado, de vergonha, de desonestidade e amor degradante que escurecem o seu passado. Eu sei que agora mesmo você está com uma fé superficial, uma vida de oração frívola e discipulado inconsistente. E minha palavra para você é esta: Desafio-lhe a confiar que Eu lhe amo do jeito que você é. E não do jeito que você deveria ser. Porque você nunca será como deveria ser.”

Apaixonar-se ao olhar nos olhos, ao perceber que os olhos nos abre o Caminho para a Eternidade, entregar-me totalmente já não mais preocupado em encontrar o Caminho, mas na certeza de ser encontrado, adentrar-me pelos olhos: 
“And if I can't find my way, if salvation seems worlds away. Oh, I'll be found when I am lost in your eyes”.


Olhos, mistério da Alma.
Gabí deixou suas marcas... seu olho azul
janela da sua alma: libertou-se adentrando-se na Casa do Pai
vivenciando a Páscoa!

Amanhã, quando o dia nascer... 
E, [re]nascer a esperança do [re]encontro:

Tenham todos uma Boa Páscoa...
Boa é mais que Feliz, é também Triste.

Pois a Páscoa é assim: Triste e Feliz.
Pois reflete a nossa própria vida: Feliz e Triste.



Debbie Gibson 

I get lost in your eyes
And I feel my spirits rise
And soar like the wind
Is it love that I am in?

I get weak in a glance
Isn't this what's called romance?
And now I know
'Cause when I'm lost I can't let go

I don't mind not knowing what I'm headed for
You can take me to the skies
It's like being lost in heaven
When I'm lost in your eyes

I just fell, don't know why
Something's there we can't deny
And when I first knew
Was when I first looked at you

And if I can't find my way
If salvation seems worlds away
Oh, I'll be found
When I am lost in your eyes


(*)
... ao longo dessa Páscoa parafraseei essa música à minha relação com o Eterno: 

"se eu não conseguir encontrar meu caminho, se a salvação parecer a mundos de distância... oh! eu sei que eu serei encontrado quando estiver perdido em seus olhos!!!"

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Certeza do Endereço...
[in]certeza do Tempo

No caminho, ouvimos a música de Nando Reis, interpretada pelo Cidade Negra , Onde Você Mora? Música que mexe muito nas nossas emoções, faz uma reviravolta, nos traz à memória:
... não a dúvida de Onde Ela Mora, 
... mas a [in]certeza do tempo que nos resta de viagem até nos encontrarmos novamente.

Lendo um pouco mais descobri que essa música foi escrita por Nando Reis e Marisa Monte. Ela gostava muito de ambos, sei que a sensibilidade deles, o jeito leve e suave de trazer através das melodias e letras as mais profundas emoções, que mexiam tanto com ela... também mexem muito conosco.

Lembro-me com saudade da nossa viagem à Europa para comemorar seus 15 anos. Estávamos no aeroporto e nos encontramos com o Nando Reis, que gentilmente autografou e deixou um recadinho para cada um de nossos filhos em seus Diários de Viagem. 

Foi pura emoção estar tão perto de alguém que nos toca tanto a alma. Vou me lembrando desses detalhes... e, eu não os quero perder jamais. 
Dinkelsbuehl - expressando seu amor
Ah! Se eu pudesse voltar no tempo, começar tudo de novo, será que seguiria pelos mesmos caminhos, será que trilharia os mesmos passos, apenas gastando mais tempo com meus filhos desde pequenininhos... 

Talvez dessa vez teria decidido construir um veleiro enquanto eles eram pequenininhos, talvez até mesmo antes deles chegarem... e, os teria levado pelo mundo afora.

Olhar para dentro, espelhar minha alma na melodia e na letra dessa música, perceber que “eu nunca mais terei amor assim, nunca mais verei um amor que não se mede, amor que não se pede, amor que não se repete”... 

Amor único!
Assim foi o seu amor por mim.

Ainda guardo aquela camiseta que você me presenteou expressando o seu amor por mim. Nesse dia dos pais, vesti o seu amor, bem coladinho no corpo e orgulhoso da filha que o Pai havia me dado.

Ainda guardo aquela camiseta bem enroladinha na minha gaveta de camisetas... sem dúvida a melhor de todas as camisetas.

Ainda guardo na memória a expressão de alegria no seu rosto, orgulhosa do resultado de tantas horas dedicadas a uma ideia... pensando, desenhando e depois pintando o seu amor por mim. 
a love t-shirt - an expression of your love for me
Jamais me esquecerei disso, pena que a maldade do tempo a tem amarelado, pena que a maldade do tempo e o desgaste do uso aos poucos a estão destruindo, com pequenos buraquinhos, a gola desbeiçada e a cor de branco sujo... 

É uma relíquia que guardo na gaveta – já nem tenho usado-a pra preservar essa relíquia. 

Sim, 
... é uma relíquia que guardo no coração, 
... é uma relíquia pregada nas paredes do Vazio do meu coração que tem cara, que tem cheiro, que tem nome.

Você foi embora mesmo querendo ficar, agora eu sei... sempre soube que você balançava suavemente entre duas casas e as saudades que você sempre alimentou da Casa do Pai conduziram seus passos, ajudaram na sua travessia, amparando a sua angústia e acalentando a sua alma, quando decidiu ir para nunca mais voltar.

Hoje na sua varanda resta apenas o balanço vazio de uma rede vazia, pois sua morada é em outra casa...

Você foi embora... 
amor que não se mede, 
amor que não se pede, 
amor que não se repete... 
jamais!

Duas décadas jorrando o seu amor a cada um de nós da sua família, duas décadas vividas intensamente no nosso caminho, duas décadas que sacramentaram e garantiram a certeza de que estaremos juntos novamente... 

E, aos poucos vou rabiscando um quadro na minha alma, ainda um rascunho cheio de rabiscos a lápis, borrões quando algo sai das linhas imaginárias. 

Estou desenhando um quadro, um sonho, uma janela no tempo, uma realidade. Ele vai aparecendo à medida que meus passos seguem.

Nesse quadro vejo ao longe uma singela casinha camponesa, flores na janela, muitas borboletas voando ao seu redor, e, mesmo antes de bater com meus dedos na porta da frente, percebo que a porta está entreaberta. 

Um raio de luz me traz essa certeza e sombras entrecortadas me garantem que alguém se aproxima da fresta.

Vejo você aparecendo nessa fresta entreaberta, escancarando a porta, deixando que todas as cores e aromas fluam num movimento borboletal. 


Vejo você a passos largos, 
que mais parecem asas voando. 

Vejo você com seus belos e longos cabelos esvoaçantes, suas largas saias com flores miudinhas pintadas à mão, camisetinha regata colada e pés no chão... sempre soube que você abriria a porta quando a tocasse. 
livre... solta... borboletal
Mas, é muito mais que isso... 

Infelizmente meu quadro não está pronto e ainda não vejo algo que se segue à velocidade de todo o tempo que teremos pela frente, você está correndo em minha direção, me dá um beijo que jamais esquecerei e fica pendurada ao meu pescoço como sempre quis... por um tempo que parece não ter mais fim.

Enquanto esse quadro não fica pronto. 
Enquanto as pontas dos meus lápis se quebram. Enquanto minhas mãos ainda não conseguem transferir para o papel todas as imagens que vejo no quadro. 
Enquanto esse quadro não se materializa.
Enquanto esse quadro não transcende completamente..., 


darei meu próximo passo
na direção de um tempo que se encurta
com muitas certezas
com a certeza que é essa a Casa 
onde você mora 
com a certeza que a esperança me norteia
e firma meus passos... 


Sigo com 
a mais dolorosa das [in]certezas:
... quando será que a porta se abrirá? 
... quando esse quadro trará todas as ideias?
... quando todos os traços estarão desenhados?
... quando todas as nuanças do Artista?
... quando?


Nando Reis 

Amor igual ao seu
Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
E que eu nunca mais verei

Amor que não se mede
Amor que não se pede
Não se repete

Amor que não se mede
Amor que não se pede
Não se repete

Amor igual ao seu
Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
E que eu nunca mais verei

Amor que não se mede
Amor que não se pede
Não se repete

Amor que não se mede
Amor que não se pede
Não se repete

Cê vai chegar em casa
Eu quero abrir a porta
Da onde você mora
Aonde você foi morar
Aonde foi?

Não quero estar de fora
Aonde está você?
Eu tive que ir embora
Mesmo querendo ficar
Agora eu sei!

Eu sei que eu fui embora
E agora eu quero você
De volta pra mim!

Amor igual ao seu
Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
E que eu nunca mais verei

Amor que não se mede
Amor que não se pede
Não se repete
Amor!

Amor que não se mede
Amor que não se pede
Não se repete
Oh não!

Cê vai chegar em casa
Eu quero abrir a porta
Da onde você mora
Aonde você foi morar
Aonde foi?

Não quero estar de fora
Aonde está você?
Eu tive que ir embora
Mesmo querendo ficar
Agora eu sei!

Eu sei que eu fui embora
E agora eu quero você
De volta pra mim!

Amor igual ao seu
Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
E que eu nunca mais
Nunca mais
Nunca mais verei


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