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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Quando penso em você...
e na sua partida


vazio
há tantos vazios
mas, há vazio que não se preenche

Fagner

Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade

você está nos meus pensamentos todo dia, em tudo que vejo ou que vivencio, nos momentos vividos, nas lembranças que brotam das minhas entranhas...

na expressão carinhosa da sua mãe, nos meninos afoitos em seus afazeres, com seus amores e que correm entre os canteiros da vida...

mas, hoje o aperto no peito é muito maior, a dor parece que vai me arrebentar por dentro, parece que o Vazio cresce e inunda completamente minha vida, minha alma, meu coração, meu tudo...

acordei pensando em você, olhos fechados e você nas imagens que correm pelos meus pensamentos, olhos abertos e falta você, falta você, falta você...

há 2 anos você partiu para sempre jogando-se no colo do Eterno, e Ele a acolheu...


Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade

desde que me entendo por gente, felicidade era algo pra se buscar, algo que valia a pena correr riscos, algo que valia a pena permanecer no Caminho...

felicidade seria um estado de alma, seria a contemplação do belo, seria a introjeção da feliz idade dentro de nós mesmos, seria, seria...

lampejos de felicidade é o mesmo que menos felicidade, é saber que no meio desses lampejos e também por serem lampejos de felicidade...

há a ausência da total felicidade, pois no meio, entremeado, engastado e engasgado está a tristeza que advém...

de uma partida madura
de uma partida pré-madura
de uma partida prematura... 

Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento

dedos longos, 
dedos curtos, 
dedos médios, 
dedos todos...

versos, textos, palavras e letras...
letras, palavras, textos e versos...
todos tristes, toscos e tristes, tocos tristes...

invento?

[in]vento, pra dentro do vento que sopra por onde quer, não vejo de onde vem, não o vejo quando chega, nem tampouco quando se vai...

no vento e com versos tristes derramo minha alma que já não escorre, mas goteja lentamente nas lágrimas carregadas de tristeza com lampejos de felicidade, por isso parecem brilhar... 

Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento

nem isto nem aquilo...

na distração pareço absorto, transpareço superação, passos lentos, passos que enganam, passos nisto e naquilo...

gasto tempo lento que rápido passa e já não contem as dores e o vazio que transpassam como o vento arrastando fora o contentamento, esvaindo-se...

con-tente-[e]-mente
con-tente-[a]-mente
com saudade tento seguir
com a mente que mente e não resiste
ri... e, depois chora!

Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia

manhã de sol, 
manhã nublada, 
manhã de chuva, 
manhã de frio, 
manhã ou amanhã...

nasce o dia e morre a noite,
chega a noite e parte o dia,
parte ao dia,
parte que é parte de mim,
parte pra sempre num dia há 2 anos...

cedo, claro, feito no dia em que partiu...

Mas nada do que me dizem
Me faz sentir alegria

nada e tudo
nada e tudo me faz
nada sente nem tudo faz
apenas parece ser

sorrir e rir parecem
sorrir e rir aparecem
ir e vir também parecem
ir sem vir... nem voltar!

nasce e não morre um buraco que é vazio
nasce e não morre a falta que aparece
nasce e não morre a tristeza mesmo entremeada... ... com lampejos de alegria

sorrir e rir parecem
serenidade e controle aparentam
mas, não faz sentir alegria
nada do que dizem produz o que se foi pra sempre... 

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa

gosto de saudades
mato e não morro
gosto de saudades
não mato e morro

framboesa, groselha, mirtilo
morango, acerola, amora
qualquer gosto
todo gosto, agosto, ao gosto, sem gosto...

felicidade é também fel-ic(soluço)-idade

do mato, pro mato
no mato sem cachorro
um pouco sozinho!


Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza

ela baila por todo lado
ela brinca em-todo-lado
ela corre entre os canteiros
ela não deixa esconder...

ela planta lágrimas
ela desnuda
ela desbunda
ela não deixa esconder...


E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida

dizem deixa disso
dizem há moços
dizem há mulher
dizem haverá equilíbrio
dizem entre bens e males, sobra bens
dizem segue a vida

dizem deixa disso
dizem...


Pois senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida

eu vi a vida
eu vi a morte
não há coisa parecida que arrebente mais

eu vi a vida
eu vi a morte
e ela nos arrasta moço ou velho
e ela nos arrasta mesmo vendo a vida


É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

é o Vazio...
é a proa onde falta alguém!


É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

é o Vazio na voz de um amigo...
é o pesar
é o deleite
é o Vento no Mar!


São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração

às vezes as águas de março chegam em junho
atrasadas?
adiantadas... muito adiantadas e prematuras.

os dias são menos claros
as noites são menos escuras
pois, no menos há vida em nosso vazio coração!

menos felicidade não significa infelicidade
até porque [in]felicidade é ir pra dentro dela
e nela, nessa felicidade... também é fel-ic-idade

assim é o Caminho
na manjedoura apartado
na mesa amparado
na cruz arrebentado

e, depois... esperançado!
mas, só depois...

por ora... [in]certezas!


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