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domingo, 27 de março de 2016

Ainda quantas Páscoas mais...

... mais uma!
... quantas mais?


entre a Cruz e a Páscoa...
um olhar desiludido
um olhar esperançado 
Há pouco mais de 2 mil anos (2 mil Páscoas), entre a Morte e a Ressurreição do Cristo foram 3 dias na mais absoluta desesperança. 

A Dor e a Ausência daquele que fez toda a diferença na vida daqueles que o seguiam. Quase ninguém mais se lembrava das Suas Palavras que Ele reaveria a vida mais uma vez, não importasse a Morte que o havia levado deles. 

Alguns esperançavam-se, mas na distância da quase desesperança. Sim, Ele não estaria mais ali com eles. Lembravam-se das Suas últimas Palavras, remoinham suas lembranças... esvaiam-se desiludidos.

Hoje, vivencio mais uma Páscoa, com sabor amargo do fel da dor e da desesperança ao longo dos 3 dias (ou dos mais de 1.000 dias de quando ela se foi), da ausência e da certeza que a Morte arranca de nós parte de nós mesmos, apesar do lampejo de esperança na [in]certeza de quantas mais Páscoas viverei.

Assisti na 6a.feira o filme Ressurreição no olhar desconfiado do Tribuno Clavius... o olhar de Jesus morto dependurado na maldita Cruz atingiu fundo a sua alma incrédula. 

E, vivenciar a experiência de um incrédulo que já não conseguia acreditar nas estórias e nas mentiras que pareciam justificar que o Corpo de Jesus havia sido roubado e escondido. Que transitava entre a incredulidade e a credulidade da [in]certeza do que sempre acreditou ser a certeza.

Na antiguidade quando o povo hebreu seguiu Moisés na esperança de uma Páscoa ainda desconhecida... e, depois nos tempos de Jesus quando seus discípulos e amigos chegados seguiram a esperança de uma Páscoa tão falada mas também ainda desconhecida.

Adentrar-se num Caminho de mão única, que através da Cruz (Morte) espera-se a Páscoa (Ressurreição)... é adentrar-se na [in]certeza da certeza de uma espera[nça] de alguns dias, de alguns meses, de alguns anos... ou de tantas décadas que já quase não se espera mais.

Amar[gar] nesse Caminho que tem o comprimento da Cruz e uma Luz tão forte ao final que nos cega e nem sempre traz a certeza que lá está a Páscoa tão esperada e ainda não vivida ou vivenciada em nossas finitas entranhas.

Caminhar com Esperança é ser desiludido, é não ter mais ilusões... "do contrário, o que você tem não é esperança, é ilusão." - citando texto de Paulo Brabo quando comenta sobre a carta do pessimista Cláudio Oliver.

Esses amigos que a gente encontra pelo Caminho percebem, vivenciam e escrevem aquilo que vai na Alma da gente (como se a vasculhassem e lessem com a clareza de uma lupa)... e, que apesar de um lampejo de Esperança, sabe-se que a desilusão é total, completa... e, vazia - do tamanho da própria Cruz do Cristo.


Há uma Cruz vazia
Há um Túmulo vazio
Há um Mundo vazio
Há também um Coração vazio

Li e reli a carta escrita oriunda do coração desiludido e pessimista, na tentativa de agarrar-se à Espera[nça]... "Espero (e como poderia deixar de esperar) a ressurreição e a vida. Não por otimismo, mas exatamente por me alinhar aos pessimistas."

E, enquanto espero a Páscoa final e definitiva na Eternidade...
... junto ao Eterno
... junto aos que se foram
... junto aos que irão
... junto à Eterna Gabriela

Brotando da minha alma transcrevo como se fossem minhas, as palavras de Cláudio Oliver ao seu amigo Paulo Brabo: 


"...sempre melhor do que mereço, sempre perdido, dependente de esperar, pois esperando, declaro meu pessimismo, e me agarro em algo, que pelo menos, tem mais chance de dar certo, e ressurgir, do que a fé na possibilidade de que aumentar a dose do remédio que nos mata irá nos curar."


Entre a Morte (separação) 
e a Ressurreição (reencontro) permeia 

... um sentimento de desalento
... um sentimento de abatimento
... um caminhar a um passo do esmorecimento. 

A letargia imposta pela separação aguardando o reencontro, num sentimento sem sentido, parecendo que não há mais o que fazer.

"É uma saudade
Que invade
Que arde por dentro
Não há pensamento
Corrente de vento
Que vire esse leme

Pra outro lugar"
Anna Ratto em Desalento


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